Especificações
Descrição
A propriedade de 7 hectares situa-se em solo rústico, classificada como espaço agrícola, na freguesia do Rogil, concelho de Aljezur, numa zona com alguma densidade de árvores nomeadamente sobreiros, pinheiros, eucaliptos e vegetação rasteira e arbustiva, como os medronheiros, a esteva, entre outros. Tem a particularidade de apresentar um declive para o lado norte que de forma natural drena as águas pluviais e de superfície para uma zona de cursos de água, classificada pela REN (Reserva Ecológica Nacional), onde é interdita a construção.
Possuí uma edificação em ruínas com 83,50 m2 construída antes de 1964, sem relevância. O caminho municipal que serve de acesso a outras propriedades vizinhas atravessa a propriedade, dividindo-a. A área onde é possível construir apresenta-se bastante limitada em termos de espaço, devendo fazer-se cumprir os afastamentos designados pela legislação. Este caminho não se apresenta como um problema no sentido de que tem um uso pontual e poderá ser criada uma zona arbustiva entre o caminho e as edificações, funcionando como um filtro natural.
A casa existente como se encontra encostada ao limite da propriedade, optou-se por renaturalizar essa zona demolindo-a, baseando a ampliação numa implantação mais favorável cumprindo os afastamentos exigidos. A proposta teve como principais âncoras a criação de dois edifícios que conseguissem manter a privacidade dos seus espaços sabendo porém da obrigatoriedade da sua proximidade física, a procura da boa orientação dos edifícios incluindo os espaços de vivência exterior de forma a captar a energia solar sabendo que o espaço de clareira é reduzido e, o aproveitamento do declive natural do terreno para a criação de espaços no interior que sugerem diferentes usos contribuindo para uma vivência espacial mais interessante e dinâmica.
As caraterísticas que considero mais relevantes da arquitectura vernácula e tradicional da região servem de base para uma nova interpretação, que se apresenta através do recurso a materiais locais e naturais, que refletem de forma espontânea a sua morfologia e carácter volumétrico do edificado. Para além disso, construir de forma sustentável será um dos objetivos a alcançar.
Temos um edifício com cobertura inclinada em telha cerâmica de canudo considerado a casa principal que se distingue do edifício a nascente de cobertura plana dando acesso a uma açoteia oferecendo mais um espaço de vivência exterior. Em termos programáticos o primeiro é de tipologia T3 apresentando os espaços comuns de forma ampla e versátil, em que todos os espaços possuem ligação directa ao exterior. A outra casa é de tipologia T2, com um espaço comum amplo igualmente com acesso ao exterior. Os espaços exteriores envolventes às casas, são como que prolongamentos dos espaços interiores e representam diferentes escalas e usos como pátios, terraços, açoteias, acessos, com diferentes vistas e orientação solar. Apesar da procura de privacidade entre as casas, procurou-se criar um espaço comum de vivência comunitária a norte das edificações, com um firepit ou um forno exterior, aspectos a desenvolver numa fase futura do projecto. O seu limite visual é onde termina a clareira e começa a floresta.













