Especificações
Descrição
Este é um projecto de reconstrução e ampliação de uma casa rural situada em Reserva Agrícola Nacional numa propriedade de 11 hectares, com sobreiros, pinheiros, medronheiros, esteva e uma paisagem desenhada por montes e vales a perder de vista. Implantada numa zona elevada do terreno, resguardada do caminho de acesso público, consegue ainda usufruir da paisagem de onde se adivinha a serra de Monchique.
Todo o ambiente envolvente é rural, terrenos agrícolas pontuados por pequenas construções de apoio agrícola ou habitações dos agricultores, mas também casas de férias e empreendimentos turísticos. As construções locais remetem-nos à arquitectura popular portuguesa marcada pela longevidade temporal, em taipa e adobe, a simplicidade das fachadas e distribuição funcional das divisões interiores, a cobertura inclinada com telha de canudo, a dimensão reduzida dos vãos, forno e chaminé. Estas construções respondiam a uma necessidade da época, talvez por isso encontramos simplicidade e pureza arquitectónicas. Apesar de serem construídas por mestres de obra, ao longo dos anos eram objecto de intervenção dos próprios moradores para as conservar e higienizar como a caiação das paredes. Esta arquitectura torna-se reconhecível influenciando o desenho da proposta para a construção da nova casa.
A casa com 225 m2 de área de construção e uma piscina com 25 m2, aproveita o declive do terreno para a implantar. Os proprietários desejavam que a casa aproveitasse o máximo de vistas e respondendo a isso, a proposta consiste em manter a casa existente convertendo-a num pátio que é envolvido pela nova casa em U, potenciando o olhar sobre o sobreiro existente que marca uma presença forte naquele espaço.
A poente os três quartos com closet, casas de banho e garagem e, no exterior surge um espaço de arrumos e área técnica. A partir do hall de entrada que se faz a norte, temos a casa de banho social, a cozinha, lavandaria e despensa, uma zona de refeições e uma sala de estar com uma salamandra a lenha. Caminhando dos quartos para a sala, a casa acompanha o declive natural do terreno, através de dois desníveis, sendo que no exterior mantém-se a cota do beirado, permitindo que a zona da sala e cozinha fiquem com um pé-direito mais alto.
Procurando utilizar materiais naturais, optou-se por paredes exteriores em taipa e as interiores em blocos de terra comprimida. Outros materiais usados são a madeira, a pedra da região, o microcimento e o mosaico hidráulico. O exterior vai ser alvo de intervenção de forma faseada, com espaços ajardinados recorrendo-se a plantas autóctones, muros, bancos e pérgolas, prolongando a vivência dos espaços interiores para o exterior, trabalho desenvolvido pela equipa de arquitectas paisagistas.